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Disco: “BE”, Beady Eye

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Beady Eye
British/Rock/Britpop
http://beadyeyemusic.co.uk/

Por: Cleber Facchi

Beady Eye

O excesso sempre foi o maior problema dos irmãos Gallagher durante a carreira do Oasis. Sejam as aventuras lisérgicas que praticamente devastaram a dupla pós-Be Here Now (1997) ou o discurso excessivamente polêmico nos semanários ingleses, todo um jogo de pequenos exageros e desentendimentos contribuíram para o dissolvimento da banda em 2009. Curioso observar que ao partir em busca de novos projetos, tanto Liam (com o Beady Eye) quanto Noel (em carreira solo) souberam como dosar tal medida de exagero com verdadeira assertividade – o irmão mais velho de forma muito mais coerente do que o caçula, claro.

Ao alcançar o segundo registro com a nova banda, Liam parece assumir o mesmo posicionamento com nítida maturidade. Um esforço que naturalmente possibilita ao grupo ultrapassar os exageros firmados no decorrer de Different Gear, Still Speeding (2011), para materializar com acerto o álbum que os fãs do Oasis talvez estivessem esperando. Mais do que isso, com a chegada de BE (2013, Beady Eye/Columbia), presente álbum do grupo inglês, o trabalho parece finalmente desprovido das irregularidades de outrora, evitando a todo custo a multiplicidade de percursos em prol de um som comercialmente viável e, na medida do possível, atrativo.

Esforço claro para a construção de todo o disco, Dave Sitek (TV On The Radio) mostra onde esteve trabalhando nos últimos meses, o que explica (em partes) a “ausência” em relação ao desempenho precário de Planta (2013), último álbum do CSS. Fundamental para o estabelecimento de uma identidade sonora para o disco (e até para a banda), o músico e produtor norte-americano parece amarrar as guitarras sujas/psicodélicas de Andy Bell com a sonoridade sessentista que há tempos acompanha Gallagher. Um encontro necessário durante toda as etapas do primeiro disco da banda e um propósito que finalmente se concretiza com perceptível acerto na nova obra do Beady Eye.

Orquestrando arranjos de metais e sonorizações compactas que se aproximam de forma clara daquilo que o TV On The Radio conquistou com Nine Types Of Light (2011), BE encontra nos sons das década de 1960 e 1970 uma âncora natural para o trabalho. Enquanto Second Bite Of The Apple soa como uma continuação quase copiada daquilo que o The Zombies apresentou em Time Of The Season (as batidas e a linha de baixo são praticamente idênticas), Don’t Brother Me revive com limpidez aquilo que os Beatles sustentaram pós-Revolver (1966). Sobram ainda acréscimos de Bob Dylan, The Doors, The Kinks e toda uma variedade de referências que alimentam de forma confessa o trabalho de cada membro da banda.

Se observarmos a forma delicada como faixas aos moldes de Iz Rite ou mesmo o “Rock de Arena” que cresce coerente em Flick Of The Finger, cada composição do disco parece partir de um ambiente distinto em relação ao cenário proposto no último disco. Com exceção dos vocais ainda exagerados de Gallagher, pouco parece ter sobrevivido do rock forçado que se instalava em Different Gear, Still Speeding, o que se traduz em um acerto inevitável para a obra. Claro que a rima pobre de Liam permanece imutável, o que contribui de forma constante para o desgaste de músicas como Soul Love - uma reciclagem das antigas canções de amor do Oasis – e uma brusca queda no padrão da obra.

Ainda que a poesia de Liam peque desmedida pelo trabalho – responsável por alguns clássicos da década de 1990 e as melhores faixas do disco, Andy Bell poderia assumir a função em totalidade -, o exercício cuidadoso dos instrumentos e a produção de Sitek prendem de forma inegável. Um efeito atrativo, mesmo para aqueles que talvez torçam o nariz para a proposta da banda.

Para os órfãos do Oasis, o encontro do novo disco do Beady Eye com o anterior de Noel Gallagher, High Flying Birds (2011) talvez funcione como resposta ao tão prometido (e nunca alcançado) álbum que a extinta banda britânica vinha prometendo com acerto desde  (What’s the Story) Morning Glory?, de 1995. Um registro que parece começar onde o outro parou, e de uma forma ou outra assume a capacidade de aproximar, mesmo que por alguns segundos, o trabalho dos hoje distantes irmãos Gallagher.

Beady Eye

BE (2013, Beady Eye/Columbia)

Nota: 6.8
Para quem gosta de: Oasis, Noel Gallagher e Miles Kane
Ouça: Face the Crowd e Iz Rite



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